quarta-feira, 11 de julho de 2012


Acendi um cigarro, traguei a fumaça ardida e olhei nos seus olhos...
Tive a impressão de ser aquela a primeira vez que a olhava....que a via de verdade...
Ela estava de pé olhando pra mim, na verdade, olhava a minha nuca, só percebi quando me virei e dei com aqueles olhos de farol nas pedras me olhando...um olhar forte, denso, oleoso, daqueles que me fazem perder a cabeça por completo!
A única coisa que fizemos foi olharmos, densamente, oleosamente.
Por um minuto pensei: “é essa a primeira vez que nos olhamos”, quase um primeiro encontro.
A sua mão, comprida e branca...dedos longos de piano, escondia-se sob os braços cruzados mas eu juro que ela, a sua mão, queria sair do esconderijo e vir em minha direção. Esperei.
Ela de pé, eu sentado. Esperei.
Subitamente, num gesto brusco, descruzou os braços (mão liberta, finalmente) e andou em direção a mesa onde a sua bolsa descansava. Abriu-a e procurou aflitamente algo lá dentro...
Encontrou o seu batom vermelho...intensamente vermelho. Desenhou a sua boca cuidadosamente sem tirar os olhos de farol nas pedras do espelho que segurava na mão esquerda (a mão do coração).....
Caminhou em minha direção e me olhou mais uma vez, densamente, oleosamente....
E beijou a minha boca....
Ah...como amo beijar a sua boca vermelha!
Depois sussurrou em mim:
-Eu sou aquela, que te beija vermelho e te ama...todas as noites!
E continuamos a nos olhar.... , densamente, oleosamente.


Luiz wood

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