sábado, 29 de maio de 2010

...um cheiro de saudades!


...as mãos rasgavam couve...lá na lenha o feijão demoradamente aguardava a hora do seu destino! saborosamente na panela que já foi chão...hoje é panela!
lá fora o barulho da lida, pés e mãos ocupados...o dia, na faina labutada!
o tratar dos bichos...o aguar das plantas...e a vida seguindo em carro-de-boi..
...as mãos rasgavam couve...e a vida seguindo lá fora...seu homem já já estará aqui...cansado e faminto da lida...
um beijo, um carinho, um olhar...seu homem já já estará aqui...
...as mãos rasgando a couve....e no fogão....
um cheiro de saudades!

Luiz wood

terça-feira, 25 de maio de 2010

medo de criança ainda!


todos as noites...
-bença pai!...
-bença mãe!
-Deus te abençoe e proteja!
...e noite!
dormir em paz com as bençãos e os cuidados tantos, de amores e proteção...
-bença pai!...
-bença mãe!...
imagens trazidas do oratório lhe custavam o sono...imagens tristes de venturosos santos ardentes em velas...joelhos doloridos e mãos postas...santos tristonhos e sós! tão sós! tão santos!
vago medo de imagens! criaturas lhe povoavam...vago medo! na noite vaga! o dia tão longe ainda nos seus olhos de menino ainda!
lá fora, noite imensa, cá dentro, a cama lhe pesa o corpo num somo demorado e vagaroso! lá fora, mula escoicienta e desprovida de cabeça, moleque negrume e perneta, cá dentro...santos tristes! ah...que vontade de sair noite afora!
um dia irá pra longe, pra um lugar com assombrações outras...medos outros!
irá...um dia!
uma noite...sem bençãos, sem santos, sem criaturas...medos outros!
-bença mãe!
-bença pai!
-Deus te abençoe e proteja!
Tudo o mais é puro alvoroço...

Luiz wood

sexta-feira, 14 de maio de 2010

...por outro lado!


não, eu não perguntei se voltaria...
medo do... -jamais!
ainda há uma silhueta tua na cama, parece ainda que não se foi, que a pergunta não foi feita, nem a resposta dada... - jamais!
por outro lado...há restos de você,promessas de você...e o pecado original ainda guardado.
Pedaços de promessas, sobras de perdão e a pergunta...ah! medo da resposta.. -jamais!
vi na porta o seu vulto envolto em luz, santa pecadora, vai voltar...
...simplesmente sonhei!

Luiz wood

quinta-feira, 13 de maio de 2010

...quando for manhã!


a manhã é onde é um rio,onde as pedras se assentam e criam musgo, isso é a manhã, um buraco sem fundo, nem eira, nem beira...na beira do abismo!
a manhã, é o dia que antecede, é o dia que acontece, é o dia de fazer, de ser, de nunca mais amanhã num dia de manhã...nunca mais! quase noite...nenhum sentido!
nada mais faz sentido quando é de manhã.
é desejo na manhã que entra pela janela rasgando a madrugada...pela manhã sem sentido,
vamos ficar na cama mesmo...
hoje não quero acordar, quero estar com você, na cama, na eira, na beira do precipício do nosso amor! quando for manhã...

Luiz wood

terça-feira, 11 de maio de 2010

...alvoroço em meu coração!


basta fechar os olhos,
e nada mais existe, além do seu andar...alvoroço em meu coração, inveja desse chão!
passos, livres que a tragam, presos que a levem, caminhos de desejos...
basta fechar os olhos,
e vejo imagens do dia porvir, se você não vem...o dia não surge, nada existe sem o seu andar, ouço seus passos em qualquer lugar envolto em emoção...ah! seu andar...alvoroço em meu coração! inveja desse chão!
basta fechar os olhos,
e sentir o perfume do seus passos,de posse, do sol que nunca se apaga, rio que não seca...desejo de amar, seus passos sorriem e fazem do dia a dia um véu de luz,de flores de te ver passar...seu andar! inveja desse chão!
alvoroço em meu coração!

Luiz wood

quarta-feira, 5 de maio de 2010

...destons! não atendeu....


Esta na cara,
dos faróis distantes...
dos fatos ausentes...
das mãos suspensas!
Se todo som tem um eco,minhas silabas estão caladas, andam perdidas nas calçadas, vozes mudas, vozes caladas...
Se todo tom tem um despertar que destoa, minhas cores estão gritantes, apesar de divididas, eu não as perdi,...elas sobrevivem, sobreviverão...apesar dos destons causados!
Desnudei, desnudo...só pra quem quer ver, pra quem deseja enxergar minhas cores e dores....elas vão junto com amores, apenas pra rimar...destoam...
Destoou?
quem sabe?
Deveria ter atendido a minha solidão...
não atendeu...
destoou!

Luiz wood