domingo, 29 de julho de 2012


Você é tão linda,
como o fogo que acalma meu coração,
como o dia que rasga o véu da noite,
como o desejo da mulher amada.

Você é tão leve,
como o beijo que te dei,
como a sombra do muro,
como teus olhos dormindo.

Você é tão minha,
como os anéis que enfeitam meus dedos,
como a madrugada dos poetas,
como as poesias que te faço.

Sou tão teu,
como as pedras que ficam,
as facas que rasgam,
como um mundo, que renasce...
...quando te vejo chegar!

Luiz wood


Eram teus pés que eu via quando sonhava com um mundo melhor.
Era a saudade rondando a nossa cabeça, e quando a chuva caia fina molhando seus cabelos de ouro e sândalo e a minha vontade silenciava e te olhava.
Nosso coração era trilha de barro marcada profundamente com as nossas pegadas, uma trilha de mudar uma vida toda....de fazer chover, de fazer os raios sorrirem pelo prazer de ter o céu como companhia....
Uma paixão além do mal, além do bem....acima de todas as coisas que fazem a vida se transformar...uma paixão e nada mais...além do amor....além da nau que nos levaria pra diante do mar tão grande e fundo.
Quando essa saudade incerta cruza o meu pensamento me deixando sem palavras, meu louco amor, tento esquecer essas imagens tão perigosas...
Mas elas são artifícios que o meu coração criou pra ter seus passos ainda caminhando no meu coração.

Luiz wood

sábado, 28 de julho de 2012


O relógio diz 2:06.....
Madrugada...e a luz fugaz...
Um homem acordado,
só,... feito Deus...sozinho...
Um cigarro...a fumaça traça anéis...
E a maldita musica insiste...
um trompete, um solo de guitarra...
Maldito Blues e madrugada.
Maldita você....
E essa vontade de você,
que não passa....
E o homem só...feito Deus...
Maldito dia que não chega....
...maldito!

Luiz wood

Eu não sou mais a metade do homem,
...que fui antes de te conhecer,
Minhas mãos engasgam e não conseguem tocar,
...saudades dos seus cabelos, eu acho...
Ontem, os meus olhos sorriam, quando viam você,
...penso ser a tristeza de não vê-los mais...
A minha boca, antes tão sedenta, anda seca demais,
...é preciso a sua para torná-la um rio...
Agora a minha pele sempre sabe o caminho de volta,
...nunca mais se perdeu na sua...
Eu quero o ontem de novo, o ontem de ser inteiro,
...dentro do seu colo...

Luiz wood

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Nada, absolutamente nada do que alguém pudesse dizer nessa noite me faria dormir!
Não há mais nada pra ser sonhado.
Não quero dormir, quero estar acordado...atento...bêbado! Quero ver se ainda sinto a dor da insônia....mais um wisky...e nem será o último...
Vou calçar o velho chinelo e sair...a noite está fria...meus pés vão congelar, mas quem disse que isso importa?...desde que me deixe acordado...Mais um dose barman...me sirva mais uma...e essa nem será a última...te prometo. Não será a última...nem perto ainda de ser a última dose...
Está frio aqui nessa rua longa, as putas estão ainda cheias de roupa, os vagabundos acendem fogos nas calçadas...está tão frio lá fora...meus pés congelam...e me deixam acordado...
Mais uma dose...
Não será a última...nem perto ainda de ser a última dose...
Essa noite eu não vou dormir...
Nem perto disso ainda!

Luiz wood

sábado, 21 de julho de 2012


Vem lá de fora uma brisa com cheiro de amor...
vem lá de fora um vendaval com teu gosto...
vem lá de fora visões de natureza,
de trovão, do temporal, de correntezas....
de imagens tão perigosas...
Nas saudades cinzentas, um artifício do amor....
você faz chover quando sou tão sertão,
me derruba no chão quando sou apenas céu.
Saudades além da paixão que devora....
que a natureza se transformou.
minha esperança sem palavras,
Pra tentar esquecer a solidão do amor....
vou escrever nas suas paredes brancas,
meu tão louco amor....
Vem lá de fora uma brisa com cheiro de amor...
e tudo se transformou....
Meu louco amor....

Luiz wood

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Eu amo as tuas mãos...
...a tua alegria!
Amo teus equívocos...
...quando eu nem sei que sou!
Amo o que te foge...
...e pelas tuas loucuras todas!
Amo o que você não é...
...porque assim te posso sonhar!
Te amo agora...
...ontem eu nem existia sem você!
Amo a tua falta de tempo...
...quando sou apenas o teu relógio!
Amo quando digo que te amo...
...mesmo que sejam apenas palavras!
Eu te amo...
...quando nem mesmo o amor,
sabe de ti!

Luiz wood

...oração!


Talvez, na sombra do meu cansaço,
eu veja a tua face em um sonho de horas,
e siga consolado na oração silenciosa...
É tu, Senhora, a hora que voa,
a negação dos absurdos e dos contornos,
quando não te vejo ou sinto,
ocupa as águas turvas em que viajo.
Se parar no pensar dos meus sonhos,
fico a perguntar em duvidas de ausências:
-Quem és tu?
-Em que paisagem me faz habitar?
-Em qual hora, Madona, a ti faço as minhas orações?
Sei a noite em que me perco em ti,
e conheço cada dobra da tua veste,
e o doce embalo que canta quando me faz adormecer.
Então te visto como a minha lua,
e dispo cada retalho seu,
tornando-te assim o meu sol!
Sei das minhas noites e estrelas,
em que te faço Santa, minha Senhora,
apenas para trazer-te ao amanhecer,
quando acordo vago e sonhador,
trazer-te pra perto de mim,
apenas minha Mulher e Fêmea!

Luiz wood

terça-feira, 17 de julho de 2012


Não bastassem as minhas mãos,
repousando no seu corpo,
Tinha que ser você,
a minha luz de perdição....

Não bastassem as palavras ditas,
no respirar da sua boca profana,
Havia você de ser a mais linda,
ou como disse Eric Clapton:....
- Wonderful tonight!

Não bastassem os meus olhos,
encantado-se nos teus,
Você tinha que me olhar tão dentro,
me perdendo assim, verde no fim do mar...

Eu não sei se és a ultima mulher,
ou o muro onde lamentam as minhas ilusões,
Ou quem sabe a passagem secreta,
do dia que ainda vou nascer apenas,
...a tua manhã!

Luiz wood

segunda-feira, 16 de julho de 2012


Eu te vejo assim,
como a luz que pousava em mim,
no dia em que a água caia.
Como a palavra que corta,
na boca de um poeta qualquer,
vadiando na noite com mulher predileta.

Eu te vejo assim,
a canção na lua maldita,
iluminando feito vela,
o brilho que ainda há em mim.
Como uma passagem secreta,
um fauno no labirinto,
estrada de se perder enfim.

Eu te vejo assim,
Como poesia na madrugada,
açoitando a pele clara,
vingança do futuro.

Eu te vejo assim,
findando as lagrimas das trevas,
eu te vejo assim...
a luz dessa manhã!

Luiz wood


Lembro a primeira vez que andarilhei naquelas terras!
Pareceu-me um enorme lençol manchado, daqueles que ficam jogados no chão, pisados e que ninguém se lembra nunca de recolhê-lo.
Ao longe, via-se um céu turquesa e torrado, um azul queimado como nunca se viu antes ...azul torrado. Não existe outra maneira de descrever o céu que eu vi ...
O silêncio se estendia e batia forte em nosso rosto feito o vento! Não havia vento algum, o único vento que por lá existia era o silêncio ..tão forte que parecia vento. Não, parecia mais um vendaval, daqueles de entortar árvores, mas árvores não havia por ali ....
As pedras no caminho me lembraram os remendos nas roupas das festas santeiras, daqueles coloridos que a mão da gente pregava na roupa ....pedras de remendos.
Casas poucas, gentes poucas, coisas poucas...
Terra árida ...terra seca...
Sem sombras, sem movimentos, sem surpresas ...nada havia ali. Nada...
Parei e apenas fiquei olhando ....
Do outro lado, pra lá dos lados da serra eu haveria de te encontrar.
E tudo, se faria verde novamente!
Você faz chuva em mim....

Luiz wood

quarta-feira, 11 de julho de 2012


Acendi um cigarro, traguei a fumaça ardida e olhei nos seus olhos...
Tive a impressão de ser aquela a primeira vez que a olhava....que a via de verdade...
Ela estava de pé olhando pra mim, na verdade, olhava a minha nuca, só percebi quando me virei e dei com aqueles olhos de farol nas pedras me olhando...um olhar forte, denso, oleoso, daqueles que me fazem perder a cabeça por completo!
A única coisa que fizemos foi olharmos, densamente, oleosamente.
Por um minuto pensei: “é essa a primeira vez que nos olhamos”, quase um primeiro encontro.
A sua mão, comprida e branca...dedos longos de piano, escondia-se sob os braços cruzados mas eu juro que ela, a sua mão, queria sair do esconderijo e vir em minha direção. Esperei.
Ela de pé, eu sentado. Esperei.
Subitamente, num gesto brusco, descruzou os braços (mão liberta, finalmente) e andou em direção a mesa onde a sua bolsa descansava. Abriu-a e procurou aflitamente algo lá dentro...
Encontrou o seu batom vermelho...intensamente vermelho. Desenhou a sua boca cuidadosamente sem tirar os olhos de farol nas pedras do espelho que segurava na mão esquerda (a mão do coração).....
Caminhou em minha direção e me olhou mais uma vez, densamente, oleosamente....
E beijou a minha boca....
Ah...como amo beijar a sua boca vermelha!
Depois sussurrou em mim:
-Eu sou aquela, que te beija vermelho e te ama...todas as noites!
E continuamos a nos olhar.... , densamente, oleosamente.


Luiz wood

terça-feira, 10 de julho de 2012


Lá se vai mais uma noite...
escorreu pelos meus dedos fechados, avaros....ansiosos....
Ela correu nas avenidas molhadas, nenhum vestígio da volta....
ela corre, a noite corre entre os carros...nenhum vestígio da volta...
Uma noite apenas e uma voz que canta suave lá longe, inalcançável....apenas um sussurro quando me afasto...A voz dói...dói... é suave, mas machuca quando a noite escorre.
O brilho das luzes no asfalto molhado mostra o caminho e ela, a noite vai escorrendo pela avenida...
É um Blues que ouço...longe...suave...doido...
Ela, a noite, não ouve...apenas escorre...
Engraçado, pela janela embaçada vejo você!
Você é a noite...escorrendo de mim....
pelos meus dedos fechados, avaros....ansiosos....

Luiz wood

segunda-feira, 9 de julho de 2012


Preciso te contar: estou aqui, bebendo vinho, tentando ficar bêbado ouvindo Bob Dylan cantar Not Dark Yet.
Jesus, eu ouvi isso há uns 25 anos atrás...e aqui esta ele novamente cantando....
Minha consciência vagueia pra cima e pra baixo! Eu ainda a vejo sentada na cama, se vestindo novamente...! Suas mãos alisam a perna, tentando ajustar a meia de seda, linda fazendo isso...linda!
O quarto ainda na penumbra, ela faz isso com um cigarro no meio dos dedos, balançando a cabeça pra afastar seus cabelos longos...não nos falamos, eu a olho com os olhos semi-abertos...ela, concentrada em alisar a sua meia....loucura!
E o velho Bob canta...
Daqui a pouco ela vai colocar seu vestido amarelo, na altura dos joelhos e calçara seus sapatos de salto alto....Eu os conheço, conheço seus sapatos. A curva dos saltos altos parecem as curvas que percorri com as minhas mãos não faz muito tempo...as curvas dela...antes do sapato..antes da meia e do vestido...
Estou tentando ficar bêbado...ouvindo Not Dark Yet....
Jesus, eu ouvi isso há uns 25 anos atrás...e aqui esta ele novamente cantando....
Vou sair e comprar mais vinho...preciso ficar bêbado...
essa noite eu preciso ficar bêbado....

Luiz wood

sábado, 7 de julho de 2012


As únicas pessoas que me interessam são os loucos.
Os loucos por falar, loucos pela vida, por amar e cantar.
Essas pessoas loucas passam pela vida querendo desfrutar de tudo ao mesmo tempo, viver, querem viver ao extremo....intensamente!
Elas queimam, queimam e queimam....como uma vela no meio da noite!... a candle in the night!
Nenhum lugar é um lugar qualquer e nem simples!
Nada é por acaso e tudo, ao mesmo tempo, parece acontecer sem querer, coincidências de quem não crê nelas....
Aos loucos é dada a vida, é dada a palavra....o amor.
Conheci alguns desses insanos quando ainda era bem jovem e nunca mais fui o mesmo, nunca mais, never more...
Eu era ainda uma ave aprendendo a voar, querendo voar...desejando..desejando...
E quando as conheci começou uma parte da minha vida que você pode chamar de insana, a parte do vôo...do se soltar e ouvir....e de percorrer todas as estradas que se estendiam na minha frente...longa estrada....long road...long road...
Por isso essa minha vontade alucinada por escrever, pintar, fazer as coisas com as minhas mãos..olhos...boca...eu quero cores...quero os loucos...as coisas insanas...
Tudo é mais alegre assim...
Já olhei pro céu à noite deitado na areia, caminhei com a mochila pesada nas costas sem ao menos saber onde estava indo...apenas indo...ja gritei poesias em pé sobre pedras que o mar batia....chorei...ri....gritei e sussurrei...só nunca fui indiferente...
Ainda tenho uma estrada longa pela frente...a long road ahead !
Muitos Blues ainda por ouvir...muitos!
As únicas pessoas que me interessam são os loucos.
The only people that interest me are the mad.
Eles queimam como velas....no meio da noite!

Luiz wood

domingo, 1 de julho de 2012


Porque você chegou tão perto de mim assim?
Me fez crer no seu cheiro...
...e seu gosto!
Porque sorriu assim tão perto da minha boca?
Me fez acreditar em sonhos...
...e te sonhar!
Porque fez seus olhos pousarem nos meus assim?
Agora eu creio que existe um paraíso...
...e nele habito!
Porque me faz crer em tantas coisas assim?
Se em você eu não creio no que vejo...
...e sim, no que sinto!

Luiz wood


Alguns domingos amanheciam chuvosos...
Eu acordava e te via olhando pela janela a rua molhada lá fora, olhar distante, linda...como a santa pendurada na parede!
Eu te olhava e te amava.
Quando me percebia te olhando fingia que estava magoada com a chuva...
- Droga, chove lá fora.
Corria, fingindo frio, se jogava na cama e se aconchegava nos meus braços. Nossa cama quente.
Só pra te agradar eu me levantava e ia preparava um café quentinho pra nós dois e fingia também estar chateado de ter que passar o domingo na cama.
- Droga, chove lá fora.
Você vestida apenas de meias....tão vaidosa ao sol e tão menina na chuva...tão menina...e linda!
Eu cantarolava uma musica qualquer, apenas pra disfarçar a minha emoção por te ver assim....tão linda...como a santa pendurada na parede!
E passamos o nosso domingo assim, fingindo magoa pelo domingo de chuva.
- Droga, chove lá fora.
Nesses dias eu tinha quase tudo o que me bastasse...
Sabe, vou te contar....
Eu amo os domingos de chuva!

Luiz wood