domingo, 28 de fevereiro de 2010

...minha vidinha toda!


era soleira, era noite, era quintal e lua grande!
um pé de rosa se enamorava do luar e a conversa se ia longe, conversas de nada, palavras soltas (pareciam vento), sua boca dizia ventos/palavras...me fazia respirar o vento noturno e brilhoso de lua.
mãos se tocavam em gestos descuidados e olhares em descuidos quase que estudados.
toda uma noite estrelar, só por você estar, só por você tocar e olhar.
de lá de dentro um cheiro de casa habitada por quem se ama, um quarto de panos, outro de lençois, lá dentro e aqui dentro...de nós.
e nessa noite fomos e somos tão somente soleira, noite, quintal e lua grande!
uns quartos de pano e outro de lençois... e a nossa vida toda.
ah...minha vidinha toda!

Luiz wood

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

...oração melodosa!


- Dia de Deus e coração!
- Dia de ave Jesus e janelas!
um menino de coração, companheiro de estradas e rodagens, dissabores e visão!
- Deus te guarde nessa tarde de coração e vento, de acordes e canção.
veja essa lua cheia e lenta de vagar o pensamento tão lento o seu vagar.
- Salve Reis e essa casa!
bem vindo seu estandarte e devoção, venha pra janela, musa melodosa! ouça a minha voz e devoção!
- Amém meu Deus e o seu amor!
aves voam em volta da chuva dos teus olhos tão lindos e fazem revoar o sol pra dentro do mundo tal e qual, ah! voem aves...voem pra dentro de mim sol! e você lua inspirada e lenta passarada.
ah! quanto sabor na sua boca!

Luiz wood

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

partidas clamadas nas mãos de boiadeiros!


entre as dormidas que você quer...um corredor de mãos desejosas...de bocas loucas!
Venha por ele e conte uma coisa linda pra mim!
me conte onde encontro suas mãos e pés distantes?
de onde vem esse olhar quase dormindo?
assoalhos rangidos pelos seus pés, a me ninar, mulher!
em gemidos que não tem fim....
em flor e partidas clamadas nas mãos de boiadeiros e laços loucos...feitos com os fios dos seus cabelos, quase patria minha...
corredores dormidos, estrada que não tem fim!
candieiros enfim...luz a me iluminar!

Luiz wood

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

chita branca e solidão!


Lá na volta do outeiro, um conversar sem fim...e ela vinha, suave e tranquila, com seu vestido leve de chita branca e solidão!
Quem a via passar se calava e apenas a viola dedilhava em respeitoso dedilhar de dedos esperando esperançosos. Um clamor levantado feito poeira leve, daquelas que dão secura na boca querendo beber da fresca.
Trazia nos olhos a esperança do amor, a promessa de vida, desejos e coisas tais assombrosas...ah! mula sem cabeça, escoicienta e bravia, fure meus olhos pra eu não ver a partida. Cale meus olhos.
Em cantigas rangidas ela passava e o mundo calava.
E passava por nós...apenas passava e se ia...nunca voltava!
pegadas de saudades!

Luiz wood

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

viola da folia!


Ter sua cabeça no meu colo era como ter um lençol de puro linho d'ouro cobrindo as minhas pernas. Fios e mais fios num tear louco e absurdo de vida e gesto. Era como tocar harpas de vento...apenas dedilhando seus cabelos!
Era o roçar do vento levantando poeira no estirão dourado de uma estrada tão longa e branca. Um poente vermelho, quase ruivo, como o cabelo da mulher sonhada.
O dedilhar nas cordas da viola triste...violeiro de Reis, viola triste e linda e um boi florido dançando na chuva. Chapéu de fita verde e azul, um bastião santificado num mastro santeiro na porta da igreja.
Um trago na cachaça de pura vida. Quente, descendo rasgada garganta abaixo!
São tantas coisas lindas, apenas por ter sua cabeça no meu colo!

Luiz wood

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

saudade derramada!


Hoje acordei pensando estrelas e saudades.
Hoje acordei minha cidade, e por descuido, fui apenas o dia...o dia todo de te acordar.
Olhei pro alto e vi a lua derramada sob o sol...era tanta lua e amor, que o sol nem quis acordar, não era hora nem lugar de esperar pelo sol...
Hoje acordei estrelas de amar, de pensar, nem quis o dia, quis o luar de te encontrar.
Hoje acordei poesias, e era tanto mar, hoje acordei sol-luar, era tantos deslevos e eu quis só te amar.
Era tarde e te busquei em qualquer lugar, só queria te encontrar, feito lua e sonhar.
No seu lugar de saudades derramada...no seu lugar de bondade!
Hoje acordei descuido e te encontrei!

Luiz wood

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

o que veio do céu!


Todos olharam e viram, a noite iluminou, os olhos não acreditaram, queixos caíram, juntos com a chuva de asteróides... e a noite se iluminou. Profetas se prepararam para o fim, astrônomos deliraram, amantes se apressaram, governos se armaram, e as crianças desejaram, fizeram pedidos... e a noite se iluminou, como dia, mas de vermelho. Os asteróides caíram junto com os queixos que olharam para cima. O mar se levantou furioso em marés arranha-céus, torres caíram, vacas mugiram o leite coalhado, cães uivaram e se calaram, não havia uivos que falassem o suficiente, os cães se calaram. Eu me encolhi feito um frio de casacos, pus as mãos nos bolsos e caminhei apressado enquanto caíam os asteróides, feito os queixos que olharam pra cima, dois quarteirões à esquerda, próxima rua a esquerda de novo, mais alguns passos e o numero 114, a sua casa... nem vi o fim do mundo,
dormi com você.


Luiz wood

piano!


Lá em cima do piano tem um copo de veneno, quem bebeu morreu... o amor me desceu a garganta como o veneno do copo em cima do piano... um amor infantil, que veio e nunca pediu pra ficar, mas ficou, morri porque bebi, e você se foi, nem olhou pra trás, nem me disse quando voltava, se voltava, porque voltava, porque não voltava, se foi... e eu fiquei e não podia ter ficado aqui... a sós na sala, com o piano, com o copo, com o veneno, sem você. E eu bebi. E você se foi, me deixou sozinho. Você não olhou pra mim, não me ouviu, não me leu, rasgou meus versos, não leu meu poema, riu deles... nem ligou. Fiquei sem futuro, me levou o passado... e o presente ficou dentro do copo, feito veneno. Pra eu beber, bebi, morri. Agora me deixe em paz, morto,
em paz...




Luiz wood

ranhuras!


Eu estou nu.

Seus dedos, a ponta de seus dedos percorrem meu corpo. Desenham uma a uma cada cicatriz, cada ranhura, cada marca, cada imperfeição cinquentenária, cada experiência cármica, cada vida passada. Procuram minhas vivências, minhas dores, meus amores, minhas dores de amores.


Eu estou nu.
Você me diz amor. E eu choro, pois nem imaginava que alguém ainda fosse me amar, pois tenho cicatrizes e ranhuras. Mágoas e raivas. Mas você me diz amor e seus dedos percorrem. Quis me esconder no escuro e você acendeu todas as luzes. Quis me justificar e você retrucou. Quis me refugiar no menino e você me teve Homem. Me quis meu e você me teve seu.


Eu estou nu.
Você, me diz Amor

Luiz wood

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

...tão somente o meu amor!


Desde pequeninho, nunca fui guerreiro, ficava ali quietinho esperando algo que nunca nem sei o que é!
ficava esperando uma letra bonita no papel, uma coisa qualquer que comovesse meu coração, e, pela graça de Nosso Senhor, esperava tão apenas o meu amor!
coisa de um menino cismento de olhar tão longe à espera do olhar do meu amor...
e como Carlos, ouvindo a voz do anjo que dizia...vá menino, ser poeta nessa vida!
com algum espinho no coração e alguma graça nos olhos tento o destino de palavrear o andar do meu amor...mas sempre com leveza e graça, pra não espantar o coração.
no portão sentado, apenas um menino, que nunca foi um guerreiro, ainda sou um menino,
esperando tão somente o meu amor!

Luiz wood